quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

ÁLVARO MARINS - "Páginas esquecidas:Uma antologia diferente de contos machadianos"






No meu reengresso no curso de graduação em Literatura, só me deparei com "feras", e Álvaro Marins é uma delas. Quando fala de literatura seus olhos brilham de paixão pelo tema; cada autor, cada obra abordada por ele, se transforma num tesouro inigualável:
Guimarães Rosa, Clarice Lispector, Vinicius de Morais, Rubem Fonseca, Osman Lins, Murilo Rubião, Manuel Bandeira e tantos outros, que com seu entusiasmo, acabava nos contagiando a todos de tal forma, que nos encantávamos por tudo que aprendíamos a cada aula.
Eu, particularmente, recorria à biblioteca e à internet para saber mais e mais sobre cada obra e autor citados.



Em agosto, Álvaro lançou "Páginas esquecidas: Uma antologia diferente de contos machadianos", coletânea em que ele privilegiou os contos que não pertencessem a antologias de cunhos valorativos, mas contos que tratavam os temas recorrentes e obsessivos de Machado de Assis: ciúme-ambição-dinheiro-parasitismo social (os parasitas são muito importantes na obra de Machado)-hipocrisia; os narradores. Fala também, da crítica ácida que Machado fazia aos personagens românticos.







Resumo do livro:

Em 'Páginas esquecidas: uma antologia diferente de contos machadianos', de Machado de Assis, é possível saborear uma nova visão crítica da obra deste grandioso escritor, no ano que marca o centenário de sua morte. Organizada por Álvaro Marins, esta antologia, que integra a coleção Sal da Língua, apresenta 16 contos machadianos, com temas que se relacionam a partir de diferentes abordagens elaboradas pelo escritor. Nos temas, “o parasitismo decadente da classe patrimonial”, “a psicologia velhaca dos representantes do patrimonialismo” e até mesmo “o jogo de aparências e o teatro de futilidades de paixões muito mais encenadas do que vividas”, assim denominados pelo organizador, que afirma ainda ser possível observar, através desses textos, a trajetória estética de Machado e o amadurecimento do escritor sobre determinadas questões.

Livro de Álvaro Marins(org.)
Editora: Língua Geral
R$ 45,00

Onde comprar: em todas as livrarias e também no site : http://www.linguageral.com.br/

Leia o primeiro capítulo de "Páginas esquecidas:Uma antologia diferente de contos machadianos" : http://www.linguageral.com.br/site/downloads/titulos/69.pdf


MACHADO DE ASSIS - Vida e Obra


Joaquim Maria Machado de Assis nasceu dia 21 de junho de 1839, na cidade do Rio de Janeiro. O garoto pobre, filho de um operário mestiço chamado Francisco José de Assis e de Maria Leopoldina Machado de Assis, marcou a história da literatura brasileira. Ao contrário do que se imagina, a trajetória de Machado de Assis não o conduziu naturalmente para o mundo das letras. Ainda na infância o jovem “Machadinho”, como era carinhosamente chamado, perdeu sua mãe. Durante sua infância e adolescência foi criado por Maria Inês, sua madrasta. A falta de recursos financeiros o obrigou a dividir seu tempo entre os estudos e o trabalho de vendedor de doces. Ainda sobre condições não muito favoráveis, Machado de Assis demonstrava possuir grande facilidade de aprendizado. Segundo alguns relatos – no tempo em que morou em São Cristóvão – aprendeu a falar francês com a dona de uma padaria da região. Já aos 16 anos conseguiu publicar sua primeira obra literária na revista “Marmota Fluminense”, onde registrou as linhas do poema “Ela”. No ano seguinte, Machado conseguiu um cargo como tipógrafo na Imprensa Nacional e dividiu seu tempo com a criação de novos textos. Durante sua estadia na Imprensa Nacional, o escritor iniciante teve a oportunidade de conhecer Manuel Antônio de Almeida, diretor da instituição e autor do romance “Memórias de um sargento de milícias”. O contato com o diretor lhe concedeu novas oportunidades no campo da literatura e o alcance de outros postos de trabalho. Aos 19 anos de idade, Machado de Assis se tornou colaborador e revisor do Jornal Marmota Fluminense. Nesse período conheceu outros expressivos escritores de seu tempo, como José de Alencar, Gonçalves Dias, Manoel de Macedo e Manoel Antônio de Almeida. Nesse tempo ainda se dedicou à escrita de obras românticas e ao trabalho jornalístico. Entre 1859 e 1860, conseguiu emprego como colaborador e revisor de diferentes meios de comunicação da época. Entre outros jornais e revistas, Machado de Assis escreveu para o Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, O Espelho, A Semana Ilustrada e Jornal das Famílias. A primeira obra impressa de Machado de Assis foi o livro “Queda que as mulheres têm para os tolos”, onde aparece como tradutor. Na década de 1860, consolidou sua carreira profissional como revisor e editor. Na mesma época conheceu Faustino Xavier de Novais, diretor da revista “O futuro” e irmão de sua futura esposa. Seu casamento com Carolina foi bem sucedido e marcado pela afinidade que sua companheira também possuía com o mundo da literatura. Em 1867, Machado de Assis publicou seu primeiro livro de poesias, intitulado “Crisálidas”. O sucessoda carreira literária teve seqüência com a publicação do romance “Ressurreição”, de 1872. A vida de intelectual foi amparada por uma promissora carreira constituída no funcionalismo público. A conquista do cargo de primeiro oficial da Secretaria de Estado do Ministério da Agricultura, Comércio e Obras Públicas ofereceu uma razoável condição de vida. No ano de 1874, produziu o romance “A mão e a luva” em uma seqüência de publicações realizadas dentro do jornal O Globo, na época, mantido por Quintino Bocaiúva. O prestígio artístico de Machado de Assis o tornou um autor de grande popularidade. Durante as comemorações do tricentenário de Luís de Camões, produziu uma peça de teatro encenada no Imperial Teatro Dom Pedro II. Entre 1881 e 1897, o jornal Gazeta de Notícias abrigou grande parte daquelas que seriam consideradas suas melhores crônicas. O ano de 1881 foi marcante para a carreira artística e burocrática de Machado de Assis. Naquele mesmo ano, Machado tornou-se oficial de gabinete do ministério em que trabalhava e publicou o romance “Memórias Póstumas de Brás Cubas”, considerado de suma importância para o realismo na literatura brasileira. A ampla rede de relações e amizades de Machado de Assis lhe abriu portas para um outro importante passo na história da literatura brasileira. Em reuniões com seu amigo, e também escritor, José Veríssimo confabulou as primeiras medidas para a criação da Academia Brasileira de Letras. Participando ativamente das reuniões de escritores que apoiavam tal projeto, Machado de Assis tornou-se o primeiro presidente da instituição. Com a sua morte, em 1908, foi sucedido por Rui Barbosa. A trajetória de Machado de Assis é alvo de interesse dos apreciadores da literatura e de vários pesquisadores. A sua obra conta com um leque temático e estilístico bastante variado, dificultando bastante o enquadramento de seu legado em um único gênero. O impacto da sua obra chegou a figurá-lo entre os principais nomes da literatura internacional.










Obras de Machado de Assis:

Romances:

"Ressurreição" (1872)
"A Mão e a Luva" (1874)
"Helena" (1876)
"Iaiá Garcia" (1878)
"Memórias Póstumas de Brás Cubas" (1881)
"Casa Velha" (1885)
"Quincas Borba" (1891)
"Dom Casmurro" (1899)
"Esaú e Jacó" (1904)
"Memorial de Aires" (1908)

Contos:

"Contos Fluminenses" (1870)
"Histórias da Meia-Noite" (1873)
"Papéis Avulsos" (1882)
"Histórias Sem Data" (1884)
"Várias Histórias" (1896)
"Páginas Recolhidas" (1899)
"Relíquias de Casa Velha" (1906)

Poesia:

"Crisálidas" (1864)
"Falenas" (1870)
"Americanas" (1875)
"Gazeta de Holanda" (1886-88)
"Ocidentais" (1901)
"O Almada" (1908)
"Dispersas" (1854-1939)
Crônicas:
"Comentários da Semana" (1861-1863)
"Crônicas do Dr. Semana" (1861-1864)
"Crônicas - O Futuro" (1862-1863)
"Ao Acaso" (1864-1865)
"Cartas Fluminenses" (1867)
"Badaladas" (1871-1873)
"História de Quinze Dias" (1876-1877)
"História dos Trinta Dias" (1878)
"Notas Semanais" (1878)
"Balas de Estalo" (1883-1886)
"Bons Dias!" (1888-1889)
"A Semana" (1892-1800)

Teatro:

"As Forças Caudinas" (1956)
"Hoje Avental, Amanhã Luva" (1860)
"Desencantos" (1861)
"O Caminho da Porta/O Protocolo" (1863)
"Quase Ministro" (1864)
"Os Deuses de Casaca" (1866)
"O Bote de Rapé" (1878)
"Tu, só Tu, Puro Amor" (1880)
"Não Consultes Médico" (1899)
"Lição de Botânica" (1906)



Álvaro Marins é doutor em Teoria Literária pela UFRJ e professor adjunto do Centro Universitário da Cidade. É autor de "Machado de Assis e Lima Barreto: da ironia à sátira" (Rio de Janeiro, Utópos, 2004) e organizador, junto com Fred Góes, do volume "Melhores poemas de Paulo Leminski" (São Paulo, Global Editora, 6a ed., 2003), "Páginas esquecidas: Uma antologia diferente dos contos machadianos" (Rio de Janeiro, Língua Geral, 2008).



Assista a entrevista de Álvaro Marins ao programa GloboNews Painel Literatura com Edney Silvestre - agosto de 2008: http://especiais.globonews.globo.com/machadodeassis/2008/09/18/livre-reune-as-obsessoes-de-machado-de-assis/

Fontes: http://www.brasilescola.com/literatura/biografia-machado-assis.htm