segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

EPILEPSIA SEM MISTÉRIO



Um Pouquinho de História




As primeiras referências sobre epilepsia começaram a surgir em torno do ano 2000 A.C., na antiga Babilônia e nelas eram feitas restrições ao casamento de pessoas epilépticas. Atribuiam à epilepsia um caráter mágico e sagrado, dizendo que a pessoa era possuída pelo demônio. Mais ou menos 400 A.C., Hipócrates, o pai da Medicina, afirmou que a causa da epilepsia não estava em espíritos malignos, mas no cérebro, tentando desfazer a idéia de uma doença sagrada.Na Idade Média a epilepsia foi relacionada com a doença mental e tida como doença contagiante, o que persiste até hoje entre pessoas desinformadas. Com freqüência, se tentava curar esse mal por meios religiosos. Já no século XVIII, Jackson, um neurologista, definiu que a epilepsia era causada por uma descarga anormal das células nervosas.

Séculos se passaram, conceitos, conhecimentos e tratamentos mudaram, evoluíram, mas preconceitos e desinformação ainda existem, como existiam no passado.


A Pessoa com Epilepsia e sua Família


A epilepsia, como qualquer problema médico crônico, afeta não somente a pessoa que sofre de epilepsia, mas também sua família.Os irmãos de uma criança com epilepsia podem ser privados da atenção de seus pais, devido aos cuidados extras que eles dispensam ao filho com problema. O impacto da epilepsia em uma família depende parcialmente do tipo e da freqüencia das crises. Se a epilepsia é pouco controlada, ela pode desestabilizar a família e reduzir suas reservas financeiras e emocionais. Nesses casos, a família como um todo necessita de apoio de profissional da área.




A Epilepsia e a Escola




A criança com epilepsia terá dificuldades escolares? Normalmente não, porém, devemos considerar alguns aspectos que são fundamentais para o bom desenvolvimento escolar: - os pais não devem esconder que seu filho tem epilepsia e devem tratar este assunto de forma natural com os professores; - se existe a possibilidade de a criança ter crises durante a aula, os colegas devem estar preparados, caso ocorra uma crise; - cuidar para que a criança se sinta igual aos outros, que tenha os mesmos direitos e respeite as mesmas regras escolares; - - fazer um tratamento medicamentoso adequado, pois doses excessivas ou incorretas podem comprometer a atividade escolar. Muitas vezes, crises graves e freqüentes podem levar a criança a faltar a escola e isso pode baixar seu rendimento.


Dificuldades de Aprendizagem




As dificuldades de aprendizagem podem ocorrer por 3 motivos: - a epilepsia pode estar acompanhada de alguma disfunção cerebral; - crises freqüentes e prolongadas interferem no processo de aprendizagem; - os medicamentos podem causar fadiga, sonolência e diminuição da atenção. A epilepsia não é causa de retardo mental. Ela pode eventualmente estar associada ao retardo mental e os dois serem causas de disfunção cerebral. Com diagnóstico e tratamento adequados, aproximadamente, 80-90% de crianças terão suas crises controladas com um mínimo de efeitos indesejados. Isso lhe permitirá acesso a uma vida normal.O tempo da crise é infinitamente pequeno em relação ao restante do tempo sem crises, e a criança não deve organizar sua vida e restringir suas atividades escolares em função desses momentos críticos.


Educação Física




A criança com epilepsia não deve ficar excluída das aulas de educação física, pois a prática de exercícios ajuda a criança a se desenvolver. Alguns esportes são permitidos, como por ex.: jogar vôlei, futebol, fazer ginástica, corrida, tênis, etc, ...natação somente com supervisão cuidadosa. Porém, crianças epilépticas não devem participar de atividades como: exercícios em barras, andar de bicicleta em ruas movimentadas, subir em árvores, alpinismo, asa delta, etc. A prática excessiva de qualquer atividade deve ser evitada.




Fadiga e Falta de Sono



Uma causa comum encontrada como desencadeadora de crises epilépticas é a fadiga. Muitas pessoas com epilepsia têm crises com maior freqüência, depois de uma noite sem dormir ou quando estão muito cansadas.








Recomendações ao Adolescente com Epilepsia



É muito importante que o adolescente com epilepsia seja bem orientado quanto ao que pode ou não fazer, que ele tenha uma boa relação com seu médico, para que coloque seus problemas francamente e sinta-se entendido e ajudado. É necessário o esforço do profissional que está tratando o adolescente, no sentido de orientá-lo e desenvolver-lhe a confiança para que ele siga as instruções médicas: - deve ser estimulado e motivado para o tratamento; - não desistir! seguir o tratamento regularmente; - não deixar de tomar a medicação porque tem festa e quer beber álcool; - não misturar medicação; - evitar soluções mágicas, como a substituição do tratamento por práticas religiosas.




Epilepsia e Adolescência




Principalmente na adolescência, as crises são freqüentemente desencadeadas pelo uso de drogas, abuso de álcool- pois o álcool interfere no mecanismo dos medicamentos anti-epilépticos- assim como noitadas e festas prolongadas que levam à privação do sono. Problemas próprios de uma fase conflituada como adolescência, caracterizada por mudanças hormonais e físicas, podem, eventualmente, estar associados à epilepsia. É muito comum a negação da epilepsia por parte do adolescente e isso o leva a não adesão ao tratamento, isto é, ele não usa a medicação de forma correta.



Epilepsia e o Casamento


O casamento de pessoas com epilepsia não é comum. A relativamente baixa ocorrência de casamento entre pessoas com epilepsia mostra as dificuldades do paciente em estabelecer e manter relações próximas e estáveis; os epilépticos são mais deprimidos e isso leva a dificuldades no ajustamento emocional. Um casamento deve ser baseado na confiança, e a falta de informação só poderá prejudicar a relação conjugal. A primeira informação que se deve ter é que a epilepsia por si mesma não tem efeito na capacidade sexual de uma pessoa. É importante contar para o parceiro a condição de epiléptico, pois a colocação clara do problema é o primeiro passo para que ocorra ajustamento na relação. Antigamente se pensava que a epilepsia era uma doença hereditária, hoje se sabe que a hereditariedade pode ter um pequeno papel como causa da epilepsia. A mulher com epilepsia geralmente tem gravidez sem complicações, parto normal e criança saudável. Mas também é verdade que a gravidez pode apresentar problemas à mulher com epilepsia, que precisa ter um controle da medicação mais rigoroso, para evitar complicações para ela e o feto. Os anticonvulsivantes são metabolizados de modo diferente durante a gravidez e podem tornar a mulher mais vulnerável à crise.



O Cônjuge


Na relação entre o casal, a constante supervisão pode se tornar uma obsessão para o cônjuge com epilepsia. Pode ser chamado o efeito de "cão de guarda". Geralmente o cônjuge da pessoa com epilepsia fica extremamente preocupado se ocorre uma modificação no esquema habitual. Por exemplo, se ele se atrasa. Também é aborrecido para o paciente ouvir sempre palavras de preocupação do cônjuge; torna-se uma constante lembrança de que tem problemas. Essa atitude de superproteção é inadequada, pois faz com que o paciente se sinta diferente dos outros e se considere uma pessoa doente. É melhor tratá-lo com mais naturalidade.






A Criança com Pais Epilépticos

Sempre nos preocupamos com a criança ou adulto com epilepsia. Mas, muitas vezes nos esquecemos de orientar a criança, filha de pais com epilepsia. Não existe dúvida que assistir a uma crise é uma experiência muito angustiante para a criança. Por isso, ela precisa ser ajudada a lidar com a epilepsia de seu pai ou de sua mãe. Uma estratégia é ensiná-la a cooperar durante a crise. A criança poderá ter um pequeno papel, como por exemplo, colocar um pano, um travesseiro, um casaco embaixo da cabeça do epiléptico e falar palavras de conforto. Negar à criança um papel em tal situação só serve para aumentar o medo e a ansiedade ante uma crise. Para isso, é importante que a criança veja um adulto agir com calma e tranqüilidade ao atender uma pessoa com crise.




O Paciente Epiléptico e o Emprego

Vários estudos mostram que 50% a 60% de pessoas com epilepsia escondem sua condição de epiléptico, ao procurar emprego. Pesquisas revelam que as faltas por doença e os acidentes de trabalho não são mais freqüentes nas pessoas com epilepsia do que nos demais empregados. Podemos ajudar o paciente com epilepsia a se adaptar profissionalmente, primeiro, indicando a profissão mais adequada, segundo, facilitando para que ele consiga emprego. A orientação e educação dos empregadores é o primeiro passo para aceitação do empregado com epilepsia. Terceiro, não deve o médico assistente reforçar a evolução natural do auxílio-doença, mas incentivar para que o paciente continue trabalhando. Com isso o ajudará a reintegrar-se na sociedade.


A Escolha do Emprego


O diagnóstico de epilepsia e a ocorrência de crise não são razões para desqualificar uma pessoa para o emprego. Nos casos em que se faz necessário restrições para certos tipos de emprego, as decisões devem basear-se em avaliações individuais da pessoa e não no diagnóstico genérico de epilepsia. Como profissão mais adequada nos referimos ao tipo de trabalho em que a pessoa se sinta adaptada e sem risco de vida. Não são indicadas profissões de risco como: eletricista, piloto, bombeiro, motorista, etc.






O Epiléptico e o Trânsito

Devemos lembrar que: "dirigir é um privilégio e não um direito", e para que consiga este privilégio é necessário que a pessoa esteja apta, tanto física como mentalmente.De acordo com estatísticas, a freqüência de acidentes de trânsito com epilépticos pouco difere da população em geral, o número é extremamente mais elevado com alcoolistas. A bebida alcóolica representa 1000 vezes mais a causa de acidentes do que as crises epilépticas. Existem recomendações que devem ser feitas ao indivíduo com epilepsia que quer dirigir como: estar livre de crises no mínimo há um ano e com acompanhamento médico; para dirigir, somente veículos da categoria B, isto é, carro de passeio. Não ser motorista profissional, isto é, não conduzir veículos pesados e transporte público, mesmo livre de crises há anos.


Durante a Crise Epiléptica



Durante uma crise epiléptica procurar: - manter a calma; - colocar algo macio embaixo da cabeça do paciente; - colocar a cabeça de lado para que a saliva flua, evitando prejuízos à respiração; - não colocar nada em sua boca; - não tentar conter o paciente. A área ao redor deve ficar livre para evitar que se machuque. Não interferir de nenhuma maneira em seus movimentos; - não atirar água ou forçar que a pessoa beba algo durante a crise; aguardar ao lado do paciente até que a respiração se normalize e ele queira levantar-se. É normal ocorrer sonolência após a crise.



A Epilepsia e a Família

A epilepsia pode romper com o senso familiar de autonomia e competência. Para que o equilíbrio familiar possa ser recuperado é importante que seus membros consigam um consenso sobre o que é epilepsia e como ela pode ser manejada.




Diagnóstico


Exames como eletroencefalograma (EEG) e neuroimagem são ferramentas que auxiliam no diagnóstico. O histórico clínico do paciente, porém, é muito importante, já que exames normais não excluem a possibilidade de a pessoa ser epiléptica. Se o paciente não se lembra das crises, a pessoa que as presencia torna-se uma testemunha útil na investigação do tipo de epilepsia em questão e, conseqüentemente, na busca do tratamento adequado

Causas


Muitas vezes, a causa é desconhecida, mas pode ter origem em ferimentos sofridos na cabeça, recentemente ou não. Traumas na hora do parto, abusos de álcool e drogas, tumores e outras doenças neurológicas também facilitam o aparecimento da epilepsia.
   
Sintomas


Em crises de ausência, a pessoa apenas apresenta-se "desligada" por alguns instantes, podendo retomar o que estava fazendo em seguida. Em crises parciais simples, o paciente experimenta sensações estranhas, como distorções de percepção ou movimentos descontrolados de uma parte do corpo. Ele pode sentir um medo repentino, um desconforto no estômago, ver ou ouvir de maneira diferente. Se, além disso, perder a consciência, a crise será chamada de parcial complexa. Depois do episódio, enquanto se recupera, a pessoa pode sentir-se confusa e ter déficits de memória. Tranqüilize-a e leve-a para casa se achar necessário. Em crises tônico-clônicas, o paciente primeiro perde a consciência e cai, ficando com o corpo rígido; depois, as extremidades do corpo tremem e contraem-se. Existem, ainda, vários outros tipos de crises. Quando elas duram mais de 30 minutos sem que a pessoa recupere a consciência, são perigosas, podendo prejudicar as funções cerebrais.                                                        

Causas

É uma alteração temporária e reversível do funcionamento do cérebro, que não tenha sido causada por febre, drogas ou distúrbios metabólicos. Durante alguns segundos ou minutos, uma parte do cérebro emite sinais incorretos, que podem ficar restritos a esse local ou espalhar-se. Se ficarem restritos, a crise será chamada parcial; se envolverem os dois hemisférios cerebrais, generalizada. Por isso, algumas pessoas podem ter sintomas mais ou menos evidentes de epilepsia, não significando que o problema tenha menos importância se a crise for menos aparente.

Outros tratamentos


Existe uma dieta especial, hipercalórica, rica em lipídios, que é utilizada geralmente em crianças e deve ser muito bem orientada por um profissional competente. Em determinados casos, a cirurgia é uma alternativa


Cura


Em geral, se a pessoa passa anos sem ter crises e sem medicação, pode ser considerada curada. O principal, entretanto, é procurar auxílio o quanto antes, a fim de receber o tratamento adequado. Foi-se o tempo que epilepsia era sinônimo de Gardenal, apesar de tal medicação ainda ser utilizada em certos pacientes. As drogas antiepilépticas são eficazes na maioria dos casos, e os efeitos colaterais têm sido diminuídos. Muitas pessoas que têm epilepsia levam vida normal, inclusive destacando-se na sua carreira profissional.

Saiba o que fazer


De acordo com a Fundação de Eplepsia, que atua nos EUA, a primeira lição no caso de convulsões é não tentar segurar a pessoa que está sofrendo um ataque. Deve-se afastar objetos que possam machucar a vítima, afrouxar suas roupas, colocar algo macio sob sua cabeça e não tentar pôr nada em sua boca. Para facilitar a respiração, recomenda-se colocar a pessoa de lado. Segundo a fundação, convulsões não são emergências médicas. Só é necessário levar a vítima ao hospital ou chamar uma ambulância quando a pessoa é portadora de diabetes, está grávida ou tem febre alta. O caso também pode ser considerado emergência quando a convulsão é causada por algum problema externo grave, como insolação, hipoglicemia, pancadas na cabeça ou envenenamento.


Av. Montenegro, 186 sala 505 - PetrópolisCEP: 90460-160, Porto Alegre, RS, BrasilFone/Fax: (51) 3331 0161 - jecnpoa@terra.com.br


Centros de tratamento da Epilepsia no RJ


Ambulatório de Epilepsia - Rio de JaneiroRio de Janeiro/RJTelefone: Dr. Marcelo Heitor.


Observações: Ambulatório de Epilepsia na Infância Quartas-feiras pela manhã 8:00 as 12:00.Tel.: (021) 2587-6230 / 6231

(Adultos)Ambulatório de epilepsia Adolescentes e adultosTerças-feiras a tarde a partir das 13:00. Tel.: (021) 2587-6410

(epilepsia na infância).
Hospital Universitário Clementino Fraga FilhoUniversidade Federal do Rio de JaneiroNosso endereço é Rua Professor Rodolpho Paulo Rocco n0. 255 sala 10C2Rio de Janeiro/RJTelefone: 21 25622712 Dra. Soniza Vieira Alves-Leon.

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O Fantasma de Jack, o Estripador

O Assassino de Whitechapel ainda assombra a pérfida Albion


EXAME GRAFOLÓGICO DOS BILHETES DE JACK




A redação de Historia confiou uma carta redigida por Jack, o Estripador, a um grafólogo de Lyon. A identidade do autor não foi revelada ao especialista. Eis a sua análise: "A caligrafia revela uma personalidade obcecada pela pureza, pela ordem e pela organização, provavelmente até à neurose. O traço dominante do caráter de seu autor é a autodisciplina, o domínio de si mesmo, o que pode ser qualificado de preocupante, pois pode funcionar como autismo e fuga em relação aos outros". Perturbador, não é verdade?


Os assassinatos perpetrados durante o último mês de 1888, e atribuídos ao maior "serial killer" de Londres, constituem o maior enigma da história criminal. Todas as vítimas foram degoladas, mas o qualificativo de estripador (ripper - rip = rasgar) provém do fato de todas as vítimas terem tido o ventre dilacerado e os órgãos extirpados. É impossível descrever com mais detalhes a natureza dos ferimentos, dado o seu horror.




Buck's Row, 31 de agosto de 1888, 3h40. A viela está iluminada apenas por um candeeiro. George Cross, comerciante, vai para o trabalho. Na calçada, vê algo parecido com um grande fardo. Na verdade, trata-se do corpo de uma mulher. A infeliz teve a garganta cortada de uma orelha à outra. A lâmina penetrou até a coluna vertebral. A vítima tem entre 40 e 45 anos. Segundo o médico que efetua a autópsia, a arma utilizada deve ter sido um punhal, daqueles usados para cortar cortiça ou couro, com uma lâmina de 15 a 20 centímetros. Não há marcas sobre as roupas e os objetos pessoais limitam-se a um pente, um espelho quebrado e um lenço. A polícia identifica o corpo como sendo de Mary Ann Nichols, conhecida por Polly, 42 anos, 1,55 m, cabelos castanhos e um sinal particular, a falta de cinco dentes frontais.




Nascida em 1851, aos 12 anos de idade, Polly Walker casa-se com Nichols, funcionário de uma gráfica. Seis anos de casamento e cinco filhos. Ela é alcoólatra e o casal acaba por se separar. Nichols fica com a guarda das crianças e paga pensão à ex-mulher, até que ela começa a se prostituir. O álcool a deixa violenta, mas o fato de levar uma vida dissoluta e ser agressiva não basta para explicar o seu assassinato. Como primeira hipótese, a polícia acredita na ação de uma gangue de exploradores de prostitutas. No hospital, os policiais interrogam uma colega de Polly, Emma Smith, que fora atacada e espancada por quatro homens. Mas, sem forças para fornecer qualquer informação, morre em conseqüência dos ferimentos. Outra mulher é considerada como a segunda vítima da gangue, ou a primeira de Jack, o Estripador. Martha Tabram, nascida Turner, foi assassinada com 39 facadas e seu corpo encontrado em 7 de agosto, num imóvel em Whitechapel, no edifício George Yard Building (atualmente Gunthorpe Street).




A segunda mulher assassinada, ou a terceira, conforme a tese escolhida, chama-se Annie Chapman. O morador de uma pensão, situada no número 29 da Hambury Street, a cinco metros da Buck's Row, encontra o corpo de Annie em 8 de setembro, às 6h00. A cabeça estava praticamente separada do corpo e, aos pés, foram cuidadosamente dispostos seus anéis e dinheiro. No local, a polícia só descobre provas insignificantes. O médico-legista manda levar o corpo, por curiosidade, no mesmo caixão usado para transportar Polly Nichols. Às 14h00 do mesmo dia, prossegue o interrogatório das testemunhas. Uma mulher diz ter visto Annie Chapman às 5h30 com um homem. Ela afirma ter escutado o desconhecido perguntar: "...e então, está de acordo?" e Annie responder-lhe afirmativamente. O homem era moreno, parecia estrangeiro, e aparentava possuir uns 40 anos. Amelia Farmer, amiga de Annie Chapman, conta que, pouco tempo antes de ser morta, ela havia brigado com outra prostituta.

Timothy Donovan, que toma conta da pensão de Dorset Street, também avistou Annie uma ou duas horas antes de sua morte. A investigação policial não chega a nenhuma conclusão determinante, exceto a de que o punhal correspondia ao utilizado no assassinato de Polly Nichols. A lâmina media entre 15 e 25 cm e tinha 2,5 cm de largura. Segundo os policiais, tratava-se da faca de um dos empregados do abatedouro ou de um instrumento para dissecação, muito afiado. A polícia conclui que o assassino, extremamente hábil, possui conhecimentos de anatomia.




Um certo William Piggott é preso num bar com as roupas manchadas de sangue e um ferimento na mão. Piggott argumenta que foi mordido ao tentar socorrer uma mulher, vítima de crise epiléptica. Furioso, o bom samaritano a teria espancado com toda a força. Por fim, as alegações dele tornam-se tão incoerentes e o seu comportamento é tão bizarro que o enviam para um hospício!




John Pizer, outro suspeito, é interrogado. É conhecido por "avental de couro", pois conserta botas e sempre veste esse tipo de avental, e já foi visto espancando mulheres. Pizer possui um boné parecido com o usado pelo homem que estivera com Annie e ele também confecciona chapéus. Polly Nichols, por sua vez, usava um chapéu algumas horas antes de ser morta. Por fim, um pedaço de couro é encontrado perto do corpo de Annie Chapman, e um avental de couro é visto mergulhado num balde a alguns metros do corpo. Mas a faca de Pizer não corresponde à arma utilizada no crime. Além disso, na noite da morte de Polly Nichols, Pizer esteve com algumas pessoas que confirmaram seu álibi. Assim, ele é liberado. O público se mantém em silêncio. O Times acusa a sociedade de tornar-se indiferente aos deserdados. O reverendo Barnett, vigário da Igreja São Judas, em Whitechapel, garante que só algumas centenas de metros quadrados oferecem perigo. Para o religioso, bastaria a presença de mais policiais para trazer a tranqüilidade de volta ao bairro. A polícia, entretanto, continua alerta. Oferecem-se recompensas e é constituído um comitê de vigilância.




Em 30 de setembro, à 1h00, Louis Diemschutz sai com o seu cavalo da cocheira, em Berner Street, mas o animal recusa-se a seguir adiante. Diemschutz acende um fósforo, e vê uma mulher caída no chão. Ele ergue a cabeça e os ombros da desconhecida e quase dois litros de sangue se espalham pela calçada de pedra. A polícia chega e cerca o local. O legista manda os agentes examinarem as mãos e as roupas de todos os vizinhos e os domicílios são cuidadosamente inspecionados. Um pedaço do lenço que envolve o pescoço do cadáver é encontrado pelos policiais a 300 metros do local. O pano parece ter servido para enxugar a lâmina do punhal.


Suspeitos


Às 5 horas, os policiais deixam Berner Street, mas, em Mitre Square, um outro assassinato seria cometido naquela mesma noite. O cadáver de uma mulher é encontrado virado de costas, com a garganta cortada. Falta uma parte da orelha direita, bem como a extremidade do nariz. Um corte segue do reto ao esterno.

A autópsia não encontra novidades. Por um grande azar, Catherine Eddowes, a vítima de Mitre Square, esteve nas mãos da polícia um pouco antes de ser morta, pois foi conduzida, bêbada, por um policial, ao posto de Bishopsgate, às 20h30. Catherine havia sido liberada perto da meia-noite e, nesse intervalo, a vítima de Berner Street foi identificada. Trata-se de Elizabeth Stride, nascida na Suécia, em 1843. Sua biografia é uma reedição das anteriores. Elizabeth é reconhecida pelo Dr. Barnardo, médico que convive com prostitutas, e conhece o East End (bairro londrino) como a palma da mão. O médico vive há 40 anos na região, e torna-se suspeito por algum tempo. As acusações, no entanto, não se sustentam.


Elizabeth Pratter, prostituta, mora numa pensão em Miller's Court, no número 26 da rua Dorset, a uma centena de metros do local onde Annie Chapman foi assassinada. Em 9 de novembro, por volta das 4h00, Pratter ouve gritos próximos de seu quarto, mas não fica alarmada, pois as brigas produzidas por bebedeiras são freqüentes no local. Ela adormece novamente e vai trabalhar por volta das 5h00, pois os trabalhadores do mercado constituem sua principal clientela. Às 10h45, um empregado da pensão bate na porta de Mary Jane (ou Mary Ann) Kelly, vizinha de Elizabeth Pratter, para cobrar-lhe o aluguel. Irlandesa, 24 anos, um pouco mais sedutora que as outras vítimas, Kelly mora no térreo. Ela mudou-se para a pensão em fevereiro, junto com o seu parceiro, Joseph Barnett, que depois a abandonou.




O cobrador dos aluguéis, um certo Bowyer, não obtém nenhuma resposta. Ele olha para o quarto pelo vidro quebrado da janela, e vê um corpo na cama e uma poça de sangue espalhada pelo chão. A polícia chega, chamada pelo proprietário do imóvel, John MacCarthy, e manda abrir a porta. Curioso: a porta está trancada, embora a chave tenha sido dada como perdida há algum tempo. Os policiais abrem a porta, puxando o ferrolho através do vidro quebrado. Quem teria a chave para trancar a porta atrás de si após o assassinato? A cena é mais horripilante do que as anteriores: a cabeça está praticamente decepada, o rosto é irreconhecível, e apenas os olhos estão intactos.

A polícia descobre que uma vizinha de Kelly, Sara Lewis, lavadeira e prostituta, viu um homem parado nas proximidades de Miller's Court. Trata-se de George Hutchison, que, freqüentemente, recorre aos favores sexuais de Mary Kelly. Interrogado, Hutchison afirma ter visto Mary Kelly entrar com um homem pouco antes do assassinato. Ele disse que a esperou do lado de fora por algum tempo e depois foi embora. Espantosamente, a polícia não se interessa por John MacCarthy, o proprietário do imóvel. No entanto, por que ele afirma desconhecer as atividades da vítima? Todas as moradoras da pensão são prostitutas e, no bairro, corre o boato de que ele é o cáften. Além disso, MacCarthy cobra cada centavo do aluguel toda manhã. Então, por que Mary Kelly teria algo a pagar?



A investigação patina em ponto morto. Em Londres, a tensão aumenta, com acusações a juízes e irlandeses. A polícia é inundada por cartas-denúncia, mas apenas duas ou três são levadas a sério. A primeira está assinada por Jack, o Estripador. Escrita com tinta vermelha, anuncia o envio das orelhas de uma das vítimas à polícia. Na verdade, Catherine Eddowes teve as orelhas decepadas, detalhe que havia sido mantido em sigilo. Outra carta refere-se aos dois crimes cometidos na mesma noite, mas foi enviada no dia seguinte aos assassinatos. A polícia supõe que o autor seja um impostor bem informado. A terceira carta é a mais convincente: não está assinada por Jack, o Estripador, e vem "do Inferno", acompanhada por um rim humano. Justamente o rim que faltava no corpo de Catherine Eddowes. No órgão extirpado, tudo faz sentido: traços de alcoolismo, idade da vítima e sinais de uma doença renal, o mal de Bright.

Os grafologistas procuram levantar o perfil psicológico do assassino por intermédio do exame dos manuscritos. O autor parece instruído, mas deseja passar-se por inculto, impressão confirmada por outra carta, um poema. Definitivamente, não se trata de obra de um iletrado.

Mas, teria Jack, o Estripador, terminado sua obra macabra? Três outros crimes ainda ocorrem para assustar a população londrina. As opiniões a respeito dos assassinatos se dividem entre os que atribuem a autoria das mortes a Jack e os que rejeitam essa hipótese. As vítimas são Elizabeth Jackson, meretriz, cujo corpo decapitado é retirado do rio Tâmisa em junho de 1889; Alice Mackenzie, encontrada enforcada e mutilada em 17 de julho em Whitechapel; e Frances Coles, prostituta, socorrida ainda agonizante sob o arco de uma ponte ferroviária, também em Whitechapel. A polícia investiga, interroga algumas pessoas, analisa os álibis... e, finalmente, detém dez suspeitos que poderiam ser o estripador.

O primeiro dos suspeitos é George Chapman, de origem polonesa, cujo verdadeiro nome é Severin Klosovski, proprietário de um salão de cabeleireiros a alguns metros do local onde Martha Tabram foi assassinada. Chapman é parecido com o homem visto com Mary Kelly. Além disso, algumas das cartas assinadas por Jack, o Estripador, contêm expressões idiomáticas americanas, e Chapmam morou durante dois anos nos Estados Unidos. Mas ele é enforcado em 1903, condenado pelo envenenamento de três de suas amantes. Um outro é o suspeito mais famoso, o duque de Clarence, filho mais velho do futuro rei da Inglaterra Eduardo VII. Mentalmente retardado, aos 24 anos, o duque sofre de gota e de sífilis. Ele corteja uma mendiga, o que não o impede de sentir atração por meninos. Clarence não possui disposição para nada e, em 1892, deixa a lista de suspeitos após morrer de pneumonia, ou sífilis.

Entretanto, o duque costumava contar à família que ele e Jack, o Estripador, eram uma só pessoa. Os companheiros de Clarence compõem um vasto leque de criminosos potenciais. O tutor do duque em Cambridge, James Stephen, é um dos suspeitos, enquanto o escudeiro é primo de dois outros suspeitos, Milis e John Druitt. Voltaremos a isso.




O doutor Neil Cream envenenou quatro prostitutas com estricnina, e ficou conhecido como o "Envenenador de Lambeth". Por esses crimes, é enforcado em 1892. No cadafalso, suas últimas palavras para o carrasco são: "Eu sou Jack, ...". Contudo, no momento dos assassinatos, Cream estava preso em Illinois, nos Estados Unidos. Absolvido pela Justiça norte-americana em julho de 1891, está na Grã-Bretanha desde setembro. A situação complica-se quando Cream envolve no caso um sósia dele. De fato, anteriormente, para se defender num processo de bigamia, ele afirma que, à época dos crimes, estava detido em Sydney, na Austrália. O diretor da prisão confirma que um homem com as características de Cream esteve preso na instituição, o que basta para esclarecer as dúvidas. Obviamente, dois homens serviram-se mutuamente de álibis, e as derradeiras palavras de Cream ao carrasco teriam sido uma última demonstração de generosidade ao seu cúmplice.

De origem burguesa, Montagne John Druitt nasce em 1857. Extremamente inteligente, obtém uma bolsa de estudos no Winchester College e, depois, em Oxford. É um estudante brilhante, popular entre os colegas, pratica remo e críquete. Em 1880, Druitt se forma, mas sua vida começa a ficar complicada. Ele inicia o curso de Direito, mas abandona a escola. Entra para a faculdade de Medicina, desiste do curso e retoma o de Direito. Trabalha numa escola para sobreviver. Em 1888, é despedido.


Homossexualidade ou conduta irresponsável? Druitt sentia que estava ficando louco como a mãe, internada para sempre num hospital psiquiátrico. Druitt foi visto pela última vez em 3 de dezembro de 1888, e seu corpo foi resgatado do Tâmisa, próximo a Londres, no dia 31. Os bolsos, cheios de pedras, não deixam dúvidas quanto ao suicídio. A morte de Druitt coincide com o fim da onda de crimes, mas o fato de que jogava críquete em Blackheath na manhã da descoberta dos corpos de Mary Chapman e de Polly Nichols seria suficiente para inocentá-lo. Em março de 1889, os policiais garantem a um membro do comitê de vigilância que reclama da redução das rondas, que Jack, o Estripador, estava morto. Segundo a polícia, o fato não fora divulgado para poupar a mãe do criminoso, que estava internada.




No decorrer das investigações, aparece também um conceituado médico, dr. Lees, pertencente ao círculo próximo à rainha Victoria. Lees afirma à polícia ter tido três visões premonitórias dos crimes, e chegou a descrever a roupa do assassino. No início, os agentes de polícia escutam o médico por educação, mas, quando ele faz referências às orelhas decepadas, ficam atentos, pois ninguém havia comentado esse fato. Lees conduz os policiais à casa de William Gull, também freqüentador do palácio de Buckingham como médico da rainha e do príncipe de Gales.

A filha de Gull afirma aos inspetores que, vitimado por um ataque em 1887, o pai regularmente assume um comportamento violento. A casa é revistada e os policiais encontram no guarda-roupa um terno de tweed e uma capa que correspondem à descrição feita por Lees. O médico não consegue explicar por que suas roupas estão sujas de sangue. Convencido do poder de suas relações pessoais, Gull inicialmente não se preocupa. Morre em 29 de janeiro de 1890. Corria também uma outra versão: Gull encobria algum membro da família real, pois, debilitado psiquicamente, não possuía condições de cometer os assassinatos.



Finalmente, Rasputin, o polêmico bruxo da corte do czar Nicolau II, da Rússia, entra no caso. Um manuscrito, intitulado Les Grands Criminels Russes (Os Grandes Assassinos Russos), é encontrado num cofre na casa de Rasputin, após ele ter sido assassinado pelo príncipe Félix Yussupov. O documento aponta um médico, o doutor Konovalov, como o verdadeiro Jack, o Estripador. Konovalov freqüentemente exibia impulsos homicidas e, por conta disso, a Okhrana, polícia secreta czarista, o teria mandado para a Grã-Bretanha. Assim, Konovalov teria sido o sósia de Klosovski-Chapman.

Mais tarde, as suspeitas atingem um certo Michael Ostrog - que seria Konovalov - um médico considerado louco, que conseguiu se livrar de várias condenações. Ostrog tem a reputação de bater em mulheres e de nunca se separar de seus instrumentos cirúrgicos. Um homem com as características de Ostrog foi assassinado num asilo para loucos, logo após a morte de uma mulher em Petrogrado. Por coincidência, essa mulher foi morta após a volta de Konovalov à Rússia.

Frank Milles é pintor e viveu por algum tempo com o poeta Oscar Wilde. Eles se separam em 1881. Milles é um exibicionista que gosta de chamar a atenção das prostitutas. Artista talentoso, é internado num hospital para doentes mentais em dezembro de 1887. A data da morte de Milles é motivo de dúvidas: pode ter sido em março de 1888 ou em julho de 1891- e essa divergência muda tudo. Como vimos, o primo de Miles era escudeiro do duque de Clarence e os dois homens se conheciam. Quais seriam as relações entre eles? Mistério. Indubitavelmente, O Retrato de Dorian Gray apresenta analogias com os acontecimentos de 1888. Daí, conclui-se que Wilde escreveu um romance com um segredo...

Voltemos à associação Druitt, Clarence, Miles, Stephen. O destino deste último lembra o de Druitt. Após misterioso acidente, no qual fere a cabeça, enlouquece. É o que se conclui a partir dos fatos relatados por sua ilustre prima, a romancista Virginia Woolf. Stephen, filho de célebre magistrado, passa a se dedicar à poesia, na qual deixa transparecer a raiva contra as mulheres. Misoginia extrema ou furor causado pelo fim de sua relação com Clarence, enviado pela família a um regimento de hussardos? Em razão desses transtornos psicológicos, Stephen teria consultado um médico... o doutor Gull. Todos os protagonistas estão reunidos e o caso é encerrado. No fim de 1891, Stephen é internado num asilo e morre em 3 de fevereiro do ano seguinte.

Mais de um século depois dos acontecimentos, continua o mistério do assassino das mulheres de Whitechapel. Jack, o Estripador, torna-se definitivamente um mito repleto de histórias sombrias.


O PRIMEIRO DOS SERIAL KILLERS


Jack, o Estripador, ocupa um lugar à parte no ranking dos assassinos famosos. As características particulares de sua empreitada são percebidas de forma confusa por seus contemporâneos. A sociedade vitoriana trata duramente a classe trabalhadora, mas os britânicos, ricos ou pobres, possuem o sentimento de pertencer a uma comunidade na qual cada um tem o seu lugar. Jack, o Estripador, nesse contexto, aparece como um pária. Ele é um revoltado, um provocador.





A nascente industrialização faz surgir uma sociedade desumana, cujas crianças trabalham 14 horas por dia. Com o progresso industrial, a cidade substitui as vilas e pequenas comunidades, e o sentimento de pertencer a uma família desaparece. Jack, o Estripador, é o pai espiritual dos serial killers. O caráter sexual dos seus crimes constitui um elemento distintivo - as vítimas dele são as prostitutas. Assim, é necessário compreender o puritanismo e o rigor moral da era vitoriana. Jack, o Estripador, exerce o papel de anjo exterminador - ele não constitui uma ameaça se estivermos do lado certo. Na verdade, Justiça, Polícia e Imprensa não têm interesse pelas meretrizes: o assassinato de Ema Smith, provavelmente a primeira vítima do estripador, numa segunda-feira de Páscoa, em 1888, não foi nem mencionado pelos jornais. Trata-se, com uma exceção, de mulheres com mais de 40 anos, que aparentavam o dobro da idade, de tão castigadas pela miséria. A impunidade, que criou o mistério e produziu as hipóteses mais insanas, foi o último componente da celebridade do estripador. Ninguém sabe quem é Jack, o Estripador, e nem porque interrompe a série de crimes antes de ser descoberto. Se as suas vítimas representam "menos do que o nada", é melhor deixar-se levar pelo anarquismo pequeno burguês, que sente prazer em ver a polícia ridicularizada e Arsène Lupin triunfar.


A CORTE DOS MILAGRES VITORIANOS




Rainha Vitória


A vida é atroz em Whitechapel, com uma população fervilhante de 80 mil almas enclausuradas num labirinto de pequenos pátios. No bairro, vivem até nove pessoas por cômodo. Whitechapel é também o quarteirão dos abatedouros; os gritos dos animais são ouvidos o dia todo. Muitos dos estivadores e pedreiros não têm trabalho permanente. Os pobres confeccionam bolsas, caixas de fósforos. As mulheres são lavadeiras, limpam os pisos, remendam tecidos. Cinqüenta e cinco por cento das crianças não atingem os cinco anos; 10% dos escolarizados são praticamente débeis. O incesto é uma instituição. As meninas prostituem-se aos 12 anos. Considera-se que uma a cada 60 casas seja um bordel; uma a cada 16 mulheres, prostituta. Nove mil pessoas residem em quartos de aluguel. É o local de encontro dos pequenos vagabundos, dos receptadores, dos marinheiros. As mulheres trocam uma noitada por um passe. As coisas não podem continuar assim. O catalisador da revolta foi o inverno de 1885-1886, o mais rigoroso em 30 anos.


Whitechapel


Estivadores e trabalhadores reúnem-se em Trafalgar Square e andam pelo Hyde Park. A manifestação transforma-se em tumulto popular. A polícia intervém - 150 manifestantes são feridos e 300 são detidos. A agitação teria sido o pavio necessário para a explosão da loucura de um certo Jack, o Estripador?

-Tradução de Vera Lúcia dos Anjos e Gislene Vicentini

Fonte: http://www2.uol.com.br/historiaviva/reportagens/o_fantasma_de_jack_o_estripador.html

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